quarta-feira, agosto 30, 2006

Sucedeu Assim...


E porque alguém teve a muito feliz ideia de me (re)lembrar deste poema lindissimo, cá vai:


Assim,Começou assim
Uma coisa sem graça
Coisa boba que passa
Que ninguém percebeu

Assim,
Depois ficou assim
Quiz fazer um carinho,
Receber um carinho,
E você percebeu

Fez-se uma pausa no tempo
Cessou todo meu pensamento
E como acontece uma flor
Também acontece o amor

Assim,
Sucedeu assim,
E foi tão de repente
Que a cabeça da gente
Virou só coração
Não poderia supor
Que o amor nos pudesse prender,
Abriu-se em meu peito um vulcão
E nasceu a paixão
Tom Jobim

P.S.: muito obrigada Pedro!

terça-feira, agosto 15, 2006

Quebrámos os Dois

Era eu a convencer-te que gostas de mim
e tu a convenceres-te que não é bem assim...
Era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
e tu a argumentares os teus inevitáveis

Eras tu a dançares em pleno dia
e eu encostado como quem não vê
Eras tu a falar para esconder a saudade
e eu a esconder-me do que não se dizia

... afinal quebramos os dois...

Desviando os olhos por sentir a verdade
juravas a certeza da mentira
mas sem queimar demais
sem querer extinguir o que já se sabia

Eu fugia do toque como do cheiro
por saber que era o fim da roupa vestida
que inventara no meio do escuro onde estava
por ver o desespero na cor que trazias...

... afinal quebramos os dois...

Era eu a despir-te do que era pequeno
e tu a puxares-me para um lado mais perto
onde contamos histórias que nos atam
ao silêncio dos lábios que nos mata...!

Eras tu a ficar pors não saber partir...
e eu a rezar para que desaparecesses...
Era eu a rezar para que ficasses..
e tu a ficares enquanto saías.
... não nos tocamos enquanto saías.
não nos tocamos enquanto saímos.
não nos tocamos e vamos fugindo
porque quebramos como crianças

...afinal quebramos os dois...

...e é quase pecado o que se deixa...
...quase pecado o que se ignora...


Toranja

quinta-feira, agosto 10, 2006

Saudade...


Saudade é uma palavra ambigua, uma palavra ás vezes doce, ás vezes amarga, que me sopra na pele e me desnorteia os sentidos... O tacto perde-se na luz do acordar, o cheiro de ontem entranhado na almofada, e o sonho preso nos meus olhos, como de verdade, como contigo aqui... Ai que regaço me acolha esta solidão, esta saudade de me lembrar de ti, esta pausa na memória, esta ânsia de alguma coisa que me traga o teu calor outra vez!
Que uivos de melancolia rasgam o silêncio parado do meu quarto, que palavras velhas e gastas me enganam e me mentem ao ouvido? Quem sou eu perante a tua sombra? Quem me salva de mim? Vai longe, sê longe! Não me vejas mais, não te insinues no meu sono, não subas o muro da minha mentira para me deixares depois esquecida, ...
Saudade, ai que saudade... do que podia ter sido... do que não foi... e do que senti...
Saudade do teu gosto, e das tuas mãos, e da tua força, e do aconchego de teu regaço...
Saudade de uma sombra, de um momento...