quarta-feira, janeiro 24, 2007

Enjoy(ing) the silence

Can't you understand
All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Palavras


As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias dememória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

E é pelas palavras que me perco, e pelas palavras, as que digo, as que choro e as que ficam por dizer, entaladas na garganta, por essas e por estas que me aconchego na vida, que me faço ao caminho, que me desnudo e me bato, pela glória vã de ser isto... corpo e espírito em brasa.

Depois de muito arranhar, depois de algumas lágrimas, depois de uns dias muda e calada, estou aqui, de volta a este meu cantinho, às ondas do meu mar, do meu (mais ou menos) diário de bordo. Já lá vão 17 longos dias sem passar por aqui... Confesso que me custou e que tentei, inúmeras vezes. Que abri o blog, me registei e quase, quase comecei a escrever... Mas não saía nada. Parece que tinha uma rolha no espírito, uma tampa hermética à volta do coração e que os meus dedos não conseguiam, por muito que se esforçassem, teclar uma frase que fosse.

Vim o caminho todo, do trabalho para casa, a pensar nisto e a sentir uma dor no peito, um desconforto... E depois percebi que não havia volta a dar. A solução era chegar e escrever de uma vez. É que nos últimos dias não me têm faltado assuntos e sentimentos para escrever, mas tenho-me sentido tão murcha, que nem pensar me apetecia, quanto mais sentir...

Então cá estou, de volta ao meu aconchego...

Quando escrevi aquele último post, no já longínquo dia 5, estava possuída por uma força e uma vontade imensas, que eu achava serem talvez suficientes para atingir a meta a que me propus. Mas não foram, e eu voltei para casa derrotada, no corpo, mas principalmente na alma. Ok, não é uma tragédia, posso voltar a tentar, mas ainda assim... De qualquer forma, lamentar-me agora não adianta, foi só uma batalha, a guerra ainda agora começou.

E mudando radicalmente de assunto, só queria deixar aqui o registo de uma coisa que me aconteceu na passada semana, daquelas coisas aparentemente sem importância mas que me fazem acreditar que nada disto é ao acaso... Fui eu à biblioteca munícipal, como eu faço muitas vezes( é um dos sítios onde eu me sinto melhor, aliás, qualquer sítio que tenha livros é para mim o quase paraíso), buscar uns livros e lembrei-me de um livro de fotografia que tinha levado para casa há já uns 3 anos, um livro com fotos de vários autores sobre a temática do mar. E sentei-me tranquilamente numa mesa a relembrá-lo, a desfolhá-lo, e aproveitei para tomar nota dos nomes das fotos e do respectivo fotógrafo. E estava eu muito entretida nisto, eis senão quando, ao virar de uma página, dou com uma fotocópia, já um bocado amarrotada, que alguém tinha deixado por esquecimento, com certeza, dentro do mesmo. Era uma fotocópia de uma mão, um bocado desfocada cujo estado do papel não ajudava muito, uma mão de alguém. E derrepente fez-se luz...! Não... Não pode ser... Aquela mão, aquela mão desfocada, naquele papel velho e amarrotado, aquela mão, era a minha mão, é a minha mão.... Lembrei-me! Há 3 ou 4 anos, na altura que requesitei aquele exemplar, trabalhava num centro de cópias e aproveitei para fotocopiar algumas fotos que achei mais interessantes, e na volta, por brincadeira, fotocopiei uma das minhas mãos, neste caso, a direita. Céus!! Que coisa... Passado tanto tempo. O mais engraçado é que neste tempo todo, as tantas outras pessoas interessadas em fotografia como eu, que viram aquele livro, que o desfolharam, que o cheiraram e saborearam, as mãos que o acariciaram, tantos, e ninguém deitou fora a minha mão... e a minha mão voltou para mim. Isto dava um conto. Um dia destes hei-de escrever um conto baseado neste pequeno acontecimento, pequeno e insignificante mas que foi a única coisa que verdadeiramente me fez sorrir em muitos dias.

sexta-feira, janeiro 05, 2007


"Recomeça...se puderes, sem angústia e sem pressa. E os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade. Enquanto não alcances não descanses. De nenhum fruto queiras só metade. E, nunca saciado,vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo, acordado, o logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura onde, com lucidez, te reconheças."
Miguel Torga


Primeira batalha de 2007: coragem! Nos próximos dias será minha companheira, minha aliada. Viverá na minha pele, no meu respirar.

Coisa importante será decidida nos próximos dias, a minha vida, o meu futuro. E tudo depende de mim. Sinto o peso da responsabilidade em mim, a expectativa dos que me amam e me querem bem, a dor aguda do medo, a incerteza de travo indefenido. Coragem que me borbulhas nas veias, força que me amparas quando se me falha o folêgo! Estou aqui, pronta, de peito aberto à luta. A vontade é mais forte. Tem de ser mais forte. Será mais forte.

"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável."
Mahatma Gandhi