segunda-feira, janeiro 22, 2007


Depois de muito arranhar, depois de algumas lágrimas, depois de uns dias muda e calada, estou aqui, de volta a este meu cantinho, às ondas do meu mar, do meu (mais ou menos) diário de bordo. Já lá vão 17 longos dias sem passar por aqui... Confesso que me custou e que tentei, inúmeras vezes. Que abri o blog, me registei e quase, quase comecei a escrever... Mas não saía nada. Parece que tinha uma rolha no espírito, uma tampa hermética à volta do coração e que os meus dedos não conseguiam, por muito que se esforçassem, teclar uma frase que fosse.

Vim o caminho todo, do trabalho para casa, a pensar nisto e a sentir uma dor no peito, um desconforto... E depois percebi que não havia volta a dar. A solução era chegar e escrever de uma vez. É que nos últimos dias não me têm faltado assuntos e sentimentos para escrever, mas tenho-me sentido tão murcha, que nem pensar me apetecia, quanto mais sentir...

Então cá estou, de volta ao meu aconchego...

Quando escrevi aquele último post, no já longínquo dia 5, estava possuída por uma força e uma vontade imensas, que eu achava serem talvez suficientes para atingir a meta a que me propus. Mas não foram, e eu voltei para casa derrotada, no corpo, mas principalmente na alma. Ok, não é uma tragédia, posso voltar a tentar, mas ainda assim... De qualquer forma, lamentar-me agora não adianta, foi só uma batalha, a guerra ainda agora começou.

E mudando radicalmente de assunto, só queria deixar aqui o registo de uma coisa que me aconteceu na passada semana, daquelas coisas aparentemente sem importância mas que me fazem acreditar que nada disto é ao acaso... Fui eu à biblioteca munícipal, como eu faço muitas vezes( é um dos sítios onde eu me sinto melhor, aliás, qualquer sítio que tenha livros é para mim o quase paraíso), buscar uns livros e lembrei-me de um livro de fotografia que tinha levado para casa há já uns 3 anos, um livro com fotos de vários autores sobre a temática do mar. E sentei-me tranquilamente numa mesa a relembrá-lo, a desfolhá-lo, e aproveitei para tomar nota dos nomes das fotos e do respectivo fotógrafo. E estava eu muito entretida nisto, eis senão quando, ao virar de uma página, dou com uma fotocópia, já um bocado amarrotada, que alguém tinha deixado por esquecimento, com certeza, dentro do mesmo. Era uma fotocópia de uma mão, um bocado desfocada cujo estado do papel não ajudava muito, uma mão de alguém. E derrepente fez-se luz...! Não... Não pode ser... Aquela mão, aquela mão desfocada, naquele papel velho e amarrotado, aquela mão, era a minha mão, é a minha mão.... Lembrei-me! Há 3 ou 4 anos, na altura que requesitei aquele exemplar, trabalhava num centro de cópias e aproveitei para fotocopiar algumas fotos que achei mais interessantes, e na volta, por brincadeira, fotocopiei uma das minhas mãos, neste caso, a direita. Céus!! Que coisa... Passado tanto tempo. O mais engraçado é que neste tempo todo, as tantas outras pessoas interessadas em fotografia como eu, que viram aquele livro, que o desfolharam, que o cheiraram e saborearam, as mãos que o acariciaram, tantos, e ninguém deitou fora a minha mão... e a minha mão voltou para mim. Isto dava um conto. Um dia destes hei-de escrever um conto baseado neste pequeno acontecimento, pequeno e insignificante mas que foi a única coisa que verdadeiramente me fez sorrir em muitos dias.

1 comentário:

Anónimo disse...

A vida dá voltas e voltas...umas pequenas outras imensas. Tentas perceber porque vives da forma que vives e porque sentes com um sentir diferente do outro. Tudo o que te surge no caminho tem um sentido que podes por vezes não perceber e questionar.
Tal como a tua mão que ficou ao acaso há pessoas que se cruzam e qu ficam presas a ti. Imagens, sons, cheiros, palavras e sentimentos...
Quem nos juntou? O acaso...a coincidência...o destino...
A vida continua a dar voltas e não é necessário reabrir o livro para te reencontrar...
Os amigos crescem e mesmo guardados no peito, mesmo que não os olhes todos os dias eles estão lá a fazer-te sentir viva...
Hj acordei assim...e apeteceu-me dizer-te que fazes parte de mim.
Beijo