quarta-feira, junho 27, 2007

Vontade e Desígnio


Tenho um segredo bem escondido num cantinho do meu coração, numa sala cheia de sol da minha alma. Tenho uma cascata de luz que passa silenciosa e tranquilamente pelo meu sentido do ser. Sou cheia de vontade. Cheia de sede de pele, do corpo trémulo do desejo, do sussuro do arrepio. Sou desígnio de uma verdade disfarçada no meu sorriso e nas minhas palavras.

Querer e cumprir.

Doce ânimo que me preenche o sono e me acorda os sentidos.

Farei da vontade um desígnio.


Boa noite.

terça-feira, junho 26, 2007

Egoísticamente, Eu



Eu quero: amar e ser amada, perdidamente...

Eu tenho: a dádiva do livre arbítrio.

Eu acho: que devia dormir mais.

Eu odeio: sentir-me enganada.

Eu sinto saudades: do cheiro do mar, do abraço dos meus amigos, dos meus pais e do meu mano.

Eu escuto: o que se passa á minha volta.

Eu cheiro: a mim.

Eu imploro: só em desespero de causa.

Eu procuro: paz naquilo que sou e amor no que me rodeia.

Eu arrependo-me:do amor que ainda não dei.

Eu amo: a vida.

Eu sinto dor: quando me sinto rejeitada sem razão válida.

Eu sinto falta:das partes de mim que ainda não encaixaram e que me preenchem.

Eu importo-me: com os que amo.

Eu sempre:tento ser verdadeira.

Eu acredito: que tudo na vida encaixa como um puzzle.

Eu danço: quando estou feliz.

Eu canto:quando estou sozinha, no carro, quando acordo com uma melodia na cabeça.

Eu choro: por emoção, mas dificilmente na presença de outras pessoas.

Eu falho:muito, mas também aprendo muito mais.

Eu luto: com o que tenho.

Eu escrevo:por instinto, por necessidade, por vontade, desejo e fascínio. Porque as palavras são o canal da minha essência.

Eu ganho:agora mais, mas hei-de chegar mais alto.(Lol)

Eu perco:pouco. O que a vida nos leva sem piedade, devolve-nos carinhosamente e muitas vezes disfarçadamente.

Eu nunca:acredito na maldade à partida.

Eu confundo-me: com muitos números...

Eu estou: calma.

Eu sou: abençoada.

Eu fico feliz: quando sinto que fiz alguém feliz.

Eu tenho esperança: no que sou.

Eu preciso: de mimos, muitos mimos! Mas também dou!

Eu deveria: estar a descansar.

Cinema da minha vida # 2

Último filme visto em sala de cinema, muito recentemente. Belo e comovente. Constrangedor por vezes e hilariante na simplicidade pura do quotidiano de pessoas que por vezes ignoramos ou escolhemos desistir de ver com os olhos abertos. O Peter O'Toole merece um óscar, há muito tempo! Foi uma bela surpresa.
E a voz da Corinne Bailye Rae para adoçar e pintar de leveza a tela no escurinho do cinema.
Venus(2006)

Consciência


Tenho consciência do que sou e do que vejo. Tenho consciência do que não sou e do que não consigo sentir. Tenho consciência de mim e das minhas transparências. E tenho sobretudo consciência das minhas falhas e limitações. Por isso estou aqui. Por isso cheguei aqui. Por isso sou isto.


Hoje foi o meu primeiro dia de trabalho um pouco mais a sério. Ainda com suporte humano, mas já a desbravar caminho. Estou feliz comigo. Mais um obstáculo, mais uma linha cruzada. E ainda só agora começou. Sou um ser humano abençoado!


Boa noite.

domingo, junho 24, 2007

Fim-de-semana

O meu fim -de-semana começou numa lufa-lufa. Acabei a formação e depois do teste final vim para casa e vai de limpar. Aproveitar que os homens não estavam e transformei-me, mais uma vez, em fada-do-lar. Acabei encostada no sofá já sem grandes forças para qualquer outra coisa que não dormir.
Dormir. Dormir tem sido o que mais faço desde que cá estou. Eu já sou dorminhoca, mas antes tinha problemas em dormir mais do que 5/6 horas por noite. Aqui também não as durmo, mas faço sestas, muitas sestas. E só por isso já me sinto com mais energia.
Sábado á tarde, compras. Eu sou gaja, e como gaja, as compras são assim uma espécie de terapia, um elixir para o corpo e o espiríto. E lá fui eu esbanjar uns euritos, coisa pouca que a vida está muito difícil, nuns trapos mais sportswear. Aqui a menina, como já referi anteriormente, gosta de chutar umas bolas mas não veio devidamente preparada para o efeito, por isso ontem fui resolver esse pequeno problema. Há cá uma lojita(enorme, muito maior que a zara), que é basicamente uma perdição para mulheres. Não que seja alguma coisa de especial, mas além de ter tudo e mais alguma coisa, é baratíssima. Para quem acha que a Zara é barata, não conhece a Penneys. O nome é engraçado e dá azo a piadinhas. A seguir, Tesco. É o nosso Mini Preço cá do sítio, só que os preços não são lá muito mini. Uma coisas que cá é cara é comida. Além das rendas de casa que são exorbitantes, tudo o que é comida e bebida é caro. Pelo menos para o que nós portugueses estamos habituados. Se tivermos em conta os salários que cá se ganham, ok, não é caro, mas para mim que estou habituada a contar os tostões, quando cá cheguei e me disseram quanto custava uma cerveja ou a renda de uma casa, fiquei literalmente de boca aberta.
E como eu ia dizendo, la fomos ao Tesco fazer as compras da semana. O mau mesmo das compras é que depois tens de as carregar. Pois, e tendo em conta que não temos carro e temos de apanhar o metro, que não fica logo ali á porta do centro comercial, e que está a chover e, oh horror!!-, os sacos pesam toneladas!... Estão a ver? Quando finalmente chegámos a casa, os meus dedos estavam tão maltratados, mas tão maltratados, que horas depois ainda sentia dores.
O dia terminou com um jantar em casa de uma das nossas colegas, e tenho só a dizer que dormi vestida e calçada! E que hoje já bebi para lá de 2 litros de liquidos e tenho uma fome que não acaba mais! Nice going!
Já sei onde é Temple Bar, já senti o pulsar da cidade, o corropio do entra e sai dos pubs. Para mim que estou habituada a sair para a noite sempre depois das 22/23h, ir na rua ás 21h e ver a agitação, é ainda muito estranho. Para não falar de que os dias aqui são maiores, só anoitece depois das 22h. Em Portugal isso só acontece no Verão, e lá mais adiantado.
Foi um bom fim-de-semana. Pela primeira vez desde que cheguei senti Dublin. E honestamente, senti-me muito bem, é uma cidade fantástica que vou ter imenso prazer em descobrir. Pena não o poder fazer acompanhada pelos meus queridos amigos. mas há-de haver oportunidade. Pelo menos assim espero e anseio.
Mais sofá, mais descanso.
Antes de ir, só uma nota. Ontem ao fazer zapping, vi pela primeira vez o novo video da Nelly Furtado, "In God's Hands", e imediatamente aquilo me soou a algo muito familiar, como se aquela música me recordasse de uma outra. Fiquei um pouco a pensar e depois fez-se luz! Há uma banda que eu não ouço há séculos e que ficou esquecida no meu bau de memórias do final do liceu. O nome é Sundays. Têm um albúm, "Static & Silent", penso que de meados dos anos 90, e são absolutamente deliciosos. Incrível como quase me esqueci da sua existência. Fui imediatamente ao you tube procurar um video e lá estava. Aqui vos deixo um dos meus temas favoritos e também adequados à época. A vocalista, Harriet Wheeler, tem uma das vozes mais bonitas que já ouvi. Não faço ideia que outros trabalhos editaram e se ainda existem como banda, mas vou investigar. Espero que gostem.
Até amanhã.
The Sundays - Summertime

sexta-feira, junho 22, 2007

Cinema da minha vida#1

Já que estamos numa de coisas que gosto muito, muito, muito, e se depois da escrita vem a música, só falta mesmo o cinema.
Talvez o meu filme preferido... talvez.
American Beauty(1999)

Jeff

E como que por acaso (e nada é por acaso), ao fazer zapping me deparei com um especial sobre quem? O meu mui adorado Jeff Buckley. Já passaram 10 anos desde a sua trágica e inesperada partida(29 Maio 1997). Perdeu-se um talento imensurável, uma alma imensa. Deixou-nos pouco para o tanto que a sua música tinha para dar. Para mim há-de ser sempre uma referência, e o único albúm que gravou em vida, "Grace"(1994), que não me canso nunca de saborear, contém momentos de rara e pura beleza.
Para quem não conhece, aconselho vivamente. Primeiro estranha-se, depois entranha-se.
Belo! Delicioso! Delicado! Puro!
Fica uma amostra, um dos meus temas preferidos, um inédito lançado na comemoração dos 10 anos do lançamento de "Grace".
Enjoy...
Forget Her - Jeff Buckley

quinta-feira, junho 21, 2007

Dialecto


Dialecto: linguagem peculiar a uma região, não diferindo essencialmente da linguagem das regiões vizinhas; cada uma das línguas que se consideram variedades do mesmo tipo fundamental; provincianismo.


Para além desta definição que vem no dicionário, eu tenho uma muito particular: linguagem que nas sua variadas formas, falada, escrita, gestual, aproxima ou aparta, pessoas ou sentimentos, dependendo dos intervenientes e dos canais de comunicação.

A grande desvantagem de se estar num país estrangeiro é que estando em permanente contacto com pelo menos mais 3 ou 4 línguas diferentes, mais uma variante da nossa língua mãe, decorridos uns dias os nossos pensamentos se transformam numa mix de retalhos, assim uma espécie de cruzamento de palavras, umas em português, outras em inglês, mais em brasileiro, o português do brasil. Não tanto o espanhol, o francês ou o italiano, que dessas ainda tenho que aprender muito mais, mas as outras... Imaginem um grupo de 5 pessoas a estudar para um teste, em que 4 são portugueses e 1 brasileiro. Estão a ver a matéria que é toda dada em inglês? E em que nos testes respondemos em português? Agora estão a imaginar a balbúrdia na mente? E quando a nossa colega do lado, que fala o português do brasil nos está sempre a perguntar o significado de palavras como autocarro, chapéu de chuva e gramar(como em "gramo bué esta cena")? É a confusão total. Acaba por ser divertido. O mau mesmo é quando a formadora me faz uma pergunta e me sai uma resposta em portinglês! Ou quando quero responder a um nativo e me saí uma mistura de sons que não são carne nem peixe!

Dialecto, dialectos. O meu mundo é uma miscelânia destas expressões, destes sentires, destes olhares inundados do mundo.

E dialecto do coração. Ontem o meu dialecto produziu um efeito, lá longe, onde deixei uma parte do meu coração.

Até amanhã!!

quarta-feira, junho 20, 2007

Mais um dia

Mais um dia, mais um temporal! Caramba que nesta terra chove! Mas é uma chuva para lá de chata, mas tão chata... E o vento? Se isto é assim à beira do Verão, imagino no Inverno.
Hoje não estou muito inspirada, daí, vou só deixar o apontamento da música do dia, a que me apetece ouvir, a que me põe bem disposta.
Hasta!*********************
Klaxons - Golden Skans

terça-feira, junho 19, 2007


Update: cansada, muito cansada.

O meu domingo foi melancólico, meio triste até. A minha rotina irlandesa instala-se agora nos meus poros e ainda estou a desintoxicar da minha vida portuguesa. Domingo à tarde é sinónimo de sofá e tv. Ontem foi mais ou menos assim, com a diferença que logo após o almoço acompanhei os meus colegas a um belo e mui disputado jogo de futebol. Aqui o pessoal( portugas, pois claro), junta-se aos domingos para dar uns pontapés e correr um bocado. Eu até estive quase, quase para me juntar a eles, mas depois achei que primeiro há que estudar a coisa, observar atentamente e depois, se ainda achar que vale a pena, sim, alinhar. Sim, porque eu sou uma mulher que adora andar aos pontapés às bolas! Quem me conhece sabe bem da minha paixão por futebol e sabe que sempre que se fala em juntar o people para dar uns chutos eu sou sempre a primeira a incentivar. Mal, mal é que invariavelmente não se passa das palavras às acções. Adiante, pelo menos aqui, entre colegas masculinos, se eu quiser, há lugar para mim e para a minha vontade de chutar.

Acabei então por ser apenas uma "olheira", atentamente a tentar acompanhar as jogadas, fintas e tentativas de golo falhadas. 8 homens a correr atrás de uma bola, num domingo cinzento, num campo de futebol algures a sul de Dublin. Nada mau para uma tarde bem passada.

Ainda houve tempo para, mais ao final do dia, ver um filme. O que escolher? Várias alternativas ao tédio, entre porrada e lamechice, terror ou suspense. Decidimos por "When a Stranger Calls". O meu colega passou o filme todo a queixar-se que não havia sangue. De facto, sangue, nulidade. Muita música daquela que assusta e até nos pomos mais direitos no sofá à espera de algo extraordinário e depois não acontece nada. Um final estupidamente mal amanhado, assim ás três pancadas, mas dá-se o benefício da dúvida, já vi muito pior.

Um domingo absolutamente calmo.

Início de uma nova semana, mais 5 dias de formação. Dia de ir tratar do meu PPS number. Finally! O PPS number é o equivalente ao número da Segurança Social e sem ele não posso trabalhar na Irlanda nem ter uma conta bancária. Menos uma dor de cabeça. Deram-nos a tarde de folga para irmos ao centro descobrir o gabinete correspondente ao nosso distrícto e preencher a papelada. Foi uma aventura. Ao género "Uma Aventura na Cidade". Eu e o meu colega de formação, com a morada na mão, e chegarmos todos contentes a pensar que acertámos à primeira, quando o senhor simpático da recepção nos diz que não, não é ali. Temos de andar não sei quantos metros( como quem diz atravessar a cidade a dar ao pernil), passar Trinity College e tal e contornar e seguir sempre pelo mesmo passeio e mais não sei quantos metros e finalmente, se entretanto não estivermos muito cansados ou completamente perdidos, aí encontraremos o tal edifício onde podemos finalmente tornar-nos mais um número da sociedade laboriosa desta metrópole. Ufa! Até fiquei cansada de contar, imaginam o que foi... mas o facto é que, depois de muito andar até demos com o sítio de forma mais ou menos... fácil. Acho que foi mais o chegar. Sim, porque o pior estava para vir. Eu ou sou ingénua, ou como sou estrangeira neste país, nunca me passou pela cabeça que nesta nação os serviços públicos não fossem uma maravilha. Qual não é o meu espanto, e do meu colega, quando nos deparamos com um sítio em tudo semelhante aos nossos portuguesinhos serviços públicos, até os guichets de atendimento me fizeram lembrar Portugal. Mais ou menos 60 pessoas à frente. Coisa pouca! Estão a ver alguma semelhança? Comecei a entrar em stress e a pensar na minha vida a andar para trás. Mais não sei quantas horas perdidas. Mas como no meio do caos se encontra sempre um caminho, lá nos sentamos e o que acontece é que a conversa foi-se fazendo e quando demos conta, chegou a nossa vez. Despachámo-nos em 5 minutos. E tenho a dizer que a diferença é que se fosse em Portugal não teriamos concerteza sido atendidos até ao encerramento dos serviços, e de maneira nenhuma teria sido tratada com tanta simpatia. Não quero aqui dizer que em Portugal é tudo mau, muito pelo contrário, tenho saudades de muitas coisas boas, mas esta é uma daquelas diferenças em que os Irlandeses nos batem aos pontos.

Para terminar o dia em beleza, mais um filme. "The Hills Have Eyes". Pois é meu amigo, querias sangue? Então toma lá! Alguém viu "A Casa dos Mil Cadáveres? Muito sangue, grotesco, obsceno até. Mas este "The Hills..." não se lhe fica atrás em nada. Caramba! Gostei, não é nenhuma obra prima, mas deu para uns momentos a agitar-me no sofá e a soltar uns risinhos de vez em quando para disfarçar o nojo. Aconselho a amantes de filmes com muito sangue e desaconselho vivamente antes de jantar, falo por experiência!

Sabem o que está o meu outro colega a ver? Um filme do Stevan Seagul(nem sei se é assim que se escreve)! Belo final de dia. Agora para o fecho em beleza, só se visse uma novela. Ai meu Portugal, meu Portugal!

Hasta!*************************************************

domingo, junho 17, 2007

Jorge Palma - Canção de Lisboa

Hoje deu-me para a saudade. Esta música faz-me ficar mais perto de tudo o que me faz falta... e de todos.
Amanhã é outro dia.

sábado, junho 16, 2007

Hoje sou uma autêntica fada do lar!! Pois é, os meus colegas foram trabalhar e eu aproveitei para me atirar ao aspirador e ao pano do pó. Sim, porque isto de estar a morar de favor na casa de dois homens tem muito que se lhe diga. Também tenho de contribuir!! Vai daí, toca de limpar.Casa-de-banho, cozinha e sala. Aspirar, limpar o pó, etc, etc...
Mas deixemo-nos de coisas banais. Hoje apetece-me fazer considerações mais profundas, ou não. Já não sei muito bem o que escrevo porque à hora a consciência já não está alinhada com o entendimento perfeito da realidade. O que não significa que o que digo seja totalmente incoerente.
Adiante.
Alcool e gelado. Que bela combinação. Ok, isto está a tornar-se num daqueles manifestos ébrios em que dizes tudo o que te vem á cabeça e depois quando vais ler tudo faz sentido. Não que a minha intenção seja essa, mas o facto é que neste momento, em que é cada um por si, não encontro grandes alternativas.
A vida neste cantinho é ilusóriamente igual aquela que me é tão familiar. A única coisa que muda são os rostos e a linguagem. Ou melhor, nem tanto a linguagem, porque há muita coisa que é igual. É mais o cenário que é diferente. As pessoas são muito parecidas com o que conheço. Os ritmos são semelhantes, os rituais também. Gosto disto, gosto sinceramente!
Sabem qual é o melhor sentimento do mundo? Pois se não sabem eu digo!! É sentir a falta de pessoas e coisas e saber que vai haver um dia em que essas pessoas e coisas te vão aparecer ao alcance do teu toque. E esse espaço temporal entre a saudade e a certeza, a presença... Será a doce contemplação. As saudades apertam e o meu coração retrai-se com medo. Isto são coisas que me fazem pensar nas mudanças e nas reviravoltas que a vida dá sem nós prevermos. Não adianta de muito tentar fazer uma análise... O resultado é sempre um grande ponto de exclamação.
Ok, time to let go. My mind is turning blank and i don't really want to think. Lost my will to write something with meaning. Just want to live.
O meu coração treme porque estou longe dos que me amam. Mas há novidade neste cantinho do universo, estou viva!! E como me disseste M., vou-me divertir, ao máximo! O céu é o limite!!
Hasta!******************

sexta-feira, junho 15, 2007


Há uma semana atrás o mundo cercou-me, apertou-me e sobre mim fechou as asas para logo a seguir e com toda a força me largar e se abrir numa amalgama de feições inimagináveis para além da minha relidade tão queixosamente insípida.

Não sei que sentimentos me assolam, não sei, tão pouco, como vim aqui parar... Estes dias estão fora do tempo, desertos no pensamento. Nestes fragmentos de lúcidez, vou encetando o esforço por juntar as peças do puzzle e perceber o que me aconteceu. Quando a ruptura se dá tão bruscamente a mente e o corpo parecem desconectar-se, o coração fica trancado numa redoma e vai ficando apertado, apertado. É um universo sem princípio nem fim. Terei eu a capacidade de verter para linguagem esta intuição, este sentir, este plano traçado ás pressas, esta invisível nova certeza que tomou conta de mim? Sou ainda incrédula e desordenada.

Ainda não sei reconhecer a falta, a ausência física que todos me fazem. Acho que é medo. Medo do sentimento de perda, do desamparo, da solidão. Medo de acordar um dia e abandonar-me ao pranto. Medo do que não posso ver e tocar. Medo do que não posso quantificar.

Mas nem tudo são vazios. Lentamente há espaços a serem preenchidos. Há um novo cenário, uma nova rotina, outros rostos e outras linguagens. Há uma dinâmica ao mesmo tempo diferente e ainda assim muito semelhante, com um sabor a algo familiar. Há um novo ritmo, um compasso alternando entre o muito rápido e o muito lento. Há um sorriso desenhado no meu rosto a cada instante. Há uma nova vida dentro de mim. Uma paz frenética a nascer dentro do coração. Houve sol e agora há chuva para me pintar os dias. Há saudade, oh saudade!! Mas há também um novo encantamento.

O meu coração anseia por esta mutação tranquila. Mas jamais esquece as sementes plantadas lá longe. Não descura do amor que trouxe agarrado a si, do amor que se me cravou na pele. Deste amor que me deu coragem.

"Uma chama invisível incendiou-me o peito" e em tempo algum a deixarei apagar. Mesmo no meio da tempestade.

Sinto-vos a todos como se estivessem aqui comigo, á distância de um olhar. Obrigada, vocês sabem quem são.

Não sinto a distância, só o calor do vosso abraço.


Até amanhã.

quarta-feira, junho 13, 2007


Rains drops keep falling down my head...

Hoje a chuva decidiu dar um ar de sua graça. Gosto tanto desta palavra, graça... Mas isso fica para outro post.

Saio eu de casa ontem depois do jantar, banhinho tomado, cheirosa e segura, camisola de cavas, muito à fresca, dar dois dedos de conversa ali nos vizinhos, quando na bela da hora de retornar ao sofá que me tem servido de cama, ponho o nariz na rua e oh!!!! Chuva!! Pois é, estamos na Irlanda afinal... Ainda deu uma corridinha e tal, mas lá cheguei meia a pingar e a rir-me para mim própria e a pensar que mais cedo ou mais tarde tinha que me calhar, certo? Sem chuva não tinha tanta piada.
Já hoje a coisa complicou-se um bocadinho mais. 10 minutos a dar ao pernil para o local de trabalho. Para lá, optimo, nem sinal. Ao almoço, na vinda, fez-se, com ameças aqui e ali. Na ida, tranquilo. No regresso... digamos que cheguei a casa húmida. Nada de sorrisinhos marotos, sim? Não não vim pelo caminho a fantasiar com os peitorais de um qualquer trabalhador das obras ou um Brad Pitt mais novinho. Nada disso, fui mesmo apanhada por este belo tempo que costuma fazer por estas bandas. Parece que os últimos dias de sol foram a excepção. Eu até já sabia, fui avisada e tudo, mas no fundo, no fundo, tava a fazer figas para que não fosse assim. Enfim, pelo menos não está frio.
Adiante. O meu fole no pé ta melhor mas ainda não consigo calçar os sapatinhos de cinderela. Eu passo a explicar. Quando na sexta-feira passada descobri que teria que me apresentar em Dublin na segunda de manhã para começar a formação, entrei literalmente em pânico. É que existe um dress code, nada de gangas, tenis, camisolas com logos e afins. Estão-me a ver? Eu que ando SEMPRE de ténis e de calças de ganga, assim meia desgrenhada? Estão-me a ver de calcinha de vinco e sapatinho de cinderela? Pois! Vai daí, aqui a menina saca do cartão multibanco(não de crédito porque eu ainda não tenho categoria para isso), e toca de correr as lojas todas(que não são muitas) à procura de uns trapitos mais apropriados. E sim, pode-se dizer que depois de muito trotear lá rumei a casa com uns saquitos debaixo do braço e com a conta bancária completamente arruinada. E claro, no meio desse arruinar, os sapatos de cinderela. 2 pares, do mais singelo e discreto que pode haver, salto quase inexistente, confortável o bastante. Só me esqueci que calçá-los a primeira vez, sem meias, e fazer logo o percurso by foot até ao trabalho... asneira. À hora de almoço tive de me remeter ao meu par de sandálias se queria arrastar-me de volta.

Como podem depreender, isto não tem sido propriamente uma aventura, aliás, tirando os carros do lado esquerdo da estrada, a confusão com os nomes das estações do LUAS(metro/eléctrico), basicamente não se passa nada de muito interessante que valha a pena ser relatado. Por isso levam com estas trivialidades. Digam lá se não é giro cuscar a vida dos outros!?

Hasta!!*****************



P.S.: Os homens das obras cá não andam de peitoral à mostra(graças aos santinhos!!!!), muito pelo contrário. Tudo dentro do que manda a lei. Capacete e colete reflector! Parece mesmo Portugal, hein?


terça-feira, junho 12, 2007

Fora do Tempo

O tempo aqui parece mais amplo. Parece-me que estou dentro de uma redoma e que o passar das horas vai definhando fora de mim. Suponho que é assim que se sente quem chega a um país desconhecido.
Lentamente pelo meu sistema adentro. Lentamente pela minha pele se entranha esta cor nova. Não a sei pintar com palavras, não a sei enunciar ou traduzir. Estou em terreno desconhecido, sinto-me fora do tempo e ás vezes do espaço.

Ok, isto são letras que juntas formam palavras, palavras que fazem frases, frases tão convencionais, frases já muito batidas. Nada do que digo é novo, quem me conhece já se habituou á minha escrita, aos meus devaneios pretensamente literários.

Hoje não tenho muito para dizer. Foi um dia calmo, mais formação. Saí directa para casa. Um pouco de conversa no messenger, uma visita a algumas páginas portuguesas para me actualizar, uma sesta, mais um pouco de conversa com os novos amigos, banho, jantar. E amanhã tenho um teste! Devia ler as folhas da formação, assim numa de descarrego de consciência. Mas mais daqui a pouco. Vou aproveitar que estou sozinha para respirar fundo e me deixar ir. Deixar-me ir nesta nova realidade que ainda a medo se me insinua nas veias.

"Fora de tempo pôs-se o sol
e a lua fora de tempo também"

Até amanhã.******************************************

segunda-feira, junho 11, 2007


Foi difícil conciliar o sono. As turbulências da minha pulsação, as saudades ainda adormecidas, o silêncio inexplicável, a minha solidão truncada ainda na bolha da incerteza.

Foi uma noite difícil. Foi um amanhecer diferente, um dormir diferente, um sentir diferente.


Comecei a minha formação hoje. Caras desconhecidas mas o português como elo de ligação e entendimento. Uma reunião com os Recusos Humanos para tratar de questões práticas, mais umas assinaturas e estão os dados lançados. Somos 7 na formação, 5 portugueses e 2 brasileiros. Sim, também há cá muitos brasileiros. Na equipa que eu vou integrar são alguns. Há italianos, espanhóis, gregos, franceses, enfim, united nations of europe! Uma mix de culturas e línguas muito interessante do ponto de vista humano e mesmo a nível profissional.

Saí as 16h e ainda fui ao centro comprar um carregador para o telemóvel e um cartão telefónico de uma rede de cá para poder receber chamadas de portugal porque fica mais barato. Além disso convém ter um número de cá. Fui a Grafton Street, a rua mais movimentada cá da terra. É uma coisa fantástica. Para mim, que o mais longe que tinha ido tinha sido Espanha, estar numa cidade como Dublin e sentir o pulsar de toda aquela gente, é simplesmente fantástico!

Bem, por hoje é só, resta-me só dizer que este dia está a terminar da melhor forma, a escrever e em boa companhia.

Amanhã há mais!

Até amanhã.*************************

Chegada


Para quem não sabe, e como anteriormente não tinha feito referência, a minha vida, no espaço de 4 dias deu uma volta de 180 graus!
Mudou tudo! O cenário, as pessoas, os sons, o cheiro.
Na quarta-feira passada recebi um telefonema que mudou a minha vida. A oportunidade de emprego que eu tanto ambicionava chegou, e com ela a tal volta de 180 graus. Em 4 dias passei de um emprego temporário na cidade que eu sempre conheci, perto de tudo o que me é familiar, para um emprego noutra cidade, noutro país, noutro universo!! E tudo isto literalmente da noite para o dia. Confesso que fiquei apavorada, que me senti sem chão e que julguei que não seria capaz de deixar tudo, fazer a mala e vir. Mas o facto é que aqui estou! Sentada no sofá da sala de quem tão gentilmente se ofereceu para me receber de braços abertos, nesta cidade para mim ainda tão desconhecida.
Ainda não consegui "aterrar" plenamente, ainda é tudo muito estranho. As pessoas que me receberam, portugueses, jovens como eu, puseram-me tão à vontade que me sinto quase em casa. Claro que até me sentir verdadeiramente em casa ainda falta muito, mas por agora está optimo.
Amanhã vou conhecer o meu novo local de trabalho e a minha nova realidade enquanto trabalhadora num país desconhecido. Estou ansiosa e expectante, mas também cheia de força e de vontade! E para isso muito contribuiram a minha família, que me apoiou em tudo, e é claro, os meus queridos amigos que não deixam nunca de me surpreender. É sempre nestas alturas que se revelam. Tive uma despedida fantástica. E percebi que se calhar a minha amizade era muito mais importante para algumas pessoas do que alguma vez pude supor. A tal tendência do ser humano para se menosprezar e substimar-se. O meu coração inchou tanto como um balão. E subiu, subiu... Obrigada a todos. O meu amor por vocês é imenso e impossível de pôr em palavras.
Hora de descanso. Amanhã é dia de um novo começo.
Como diz a canção: "hoje é o primeiro dia do resto da tua vida..."