sexta-feira, junho 15, 2007


Há uma semana atrás o mundo cercou-me, apertou-me e sobre mim fechou as asas para logo a seguir e com toda a força me largar e se abrir numa amalgama de feições inimagináveis para além da minha relidade tão queixosamente insípida.

Não sei que sentimentos me assolam, não sei, tão pouco, como vim aqui parar... Estes dias estão fora do tempo, desertos no pensamento. Nestes fragmentos de lúcidez, vou encetando o esforço por juntar as peças do puzzle e perceber o que me aconteceu. Quando a ruptura se dá tão bruscamente a mente e o corpo parecem desconectar-se, o coração fica trancado numa redoma e vai ficando apertado, apertado. É um universo sem princípio nem fim. Terei eu a capacidade de verter para linguagem esta intuição, este sentir, este plano traçado ás pressas, esta invisível nova certeza que tomou conta de mim? Sou ainda incrédula e desordenada.

Ainda não sei reconhecer a falta, a ausência física que todos me fazem. Acho que é medo. Medo do sentimento de perda, do desamparo, da solidão. Medo de acordar um dia e abandonar-me ao pranto. Medo do que não posso ver e tocar. Medo do que não posso quantificar.

Mas nem tudo são vazios. Lentamente há espaços a serem preenchidos. Há um novo cenário, uma nova rotina, outros rostos e outras linguagens. Há uma dinâmica ao mesmo tempo diferente e ainda assim muito semelhante, com um sabor a algo familiar. Há um novo ritmo, um compasso alternando entre o muito rápido e o muito lento. Há um sorriso desenhado no meu rosto a cada instante. Há uma nova vida dentro de mim. Uma paz frenética a nascer dentro do coração. Houve sol e agora há chuva para me pintar os dias. Há saudade, oh saudade!! Mas há também um novo encantamento.

O meu coração anseia por esta mutação tranquila. Mas jamais esquece as sementes plantadas lá longe. Não descura do amor que trouxe agarrado a si, do amor que se me cravou na pele. Deste amor que me deu coragem.

"Uma chama invisível incendiou-me o peito" e em tempo algum a deixarei apagar. Mesmo no meio da tempestade.

Sinto-vos a todos como se estivessem aqui comigo, á distância de um olhar. Obrigada, vocês sabem quem são.

Não sinto a distância, só o calor do vosso abraço.


Até amanhã.

5 comentários:

Unknown disse...

Gaja, bom dia aqui do nosso Portugal!!!!

Nem imaginas como isto aqui parece também o fim do mundo com tanta chuvinha....!!! Sucedem-se dias gélidos de tão cinzentos que são, mas abafados como que estrangulando o verão, os raios de sol ansiosos por iluminar os nossos dias!! Tá quase, tá quase mas nunca mais!!

Força gaja, a tua luta está agora no início!!

Ousa tu também desafiar a tua insípida e queixosa realidade!! Sem medos, estaremos sp cá à tua espera!!

Mil beijinhos invejosos de não estar em Dublin!!


P.S: MM QUE OS HOMENS DAS OBRAS ANDASSEM DE TRONCO NU NÃO VALERIA A PENA PQ O GAJEDO AÍ DO PLACE É MTO BRANQUELO, NÃO HÁ BRAD PITT`S

Maura disse...

Minha querida Sandra,
As tuas palavras hoje, deixaram-me… sem palavras, confesso.
Estou sempre a dizer-te, na minha inocência e no meu querer-te bem, quão fantástica é esta oportunidade, para aproveitares tudo ao máximo, que não tarda vais habituar-te a esse novo mundo, para seres feliz, para fazeres isto, para seres aquilo, etc, etc, etc...
E tu, que estás a sentir isto na pele, nem sabes como avaliar a experiência, nem explicar como te sentes. Pareces estar numa dormência que não te deixa tomar ainda o gosto das coisas. Acredito, foi uma chamada muito repentina e ainda deve ser cedo para avaliares o que quer que seja.
Mas, a verdade verdadinha é que, no meio destas minhas palavras mais ou menos comuns, está latente um profundo sentimento de amizade e de admiração por ti.
Por isso, e na certeza de que estou aqui e aí, sempre, digo-te agora: toma o teu tempo... ;)
Bêjos!

PS. Ontem entreguei os teus beijinhos no ginásio, todos te desejaram boa sorte e que tudo te corra bem. Mas, no final das aulas, veio uma moça (que costuma fazer step e pushpower connosco) ter comigo a dizer que o namorado dela é o Renato, da casa onde tu estás!!! Este mundo não é pequeno??? Ela já desconfiava, pela descrição que ele lhe tinha feito, que eras tu que ia para casa dele, mas já não teve oportunidade de falar contigo. Disse-me que estavas a dormir no sofá, mas que era muito confortável. Confirmas? :) Depois pede ao Renato para te mostrar uma foto dela, vais ver que reconheces (costuma ficar sempre do lado das bicicletas).

Anónimo disse...

Linda!!
Hoje ao ler as tuas palavras (porque já se tornou rotina vir visitar-te...) recordei aquele dia em que íamos a subir o elevador na Lurdes e eu comentei que tinhas uns sapatos iguais aos de uma amiga minha. Não me recordo se comentei contigo a grande mulher que ela é e que também está fora do país ( É a minha amiga que esteve em Inglaterra, Itália e agora está na Alemanha). Tal como tu trabalhou na redoute e depois partiu novamente...
Como um simples par de sapatos pode trazer-me ao peito tanto orgulho, saudade e respeito.

Dois espiritos livres, duas almas lutadoras que anseiam chegar à harmonia plena.
Tenho a sorte de ter cruzado o vosso caminho. Agora voo a vosso lado..
Os meus olhos não veêm a mesma cor e o mesmo mundo mas sentem o mesmo calor da amizade.

beijo grande

Anónimo disse...

Minha querida...depois de ler estas tuas palavras tenho que confessar que me deparei com um misto enorme de sentimentos pois por momentos estava quase lavada em lágrimas por me sentir "responsável" por esta tua mudança brusca de rotinas e contextos mas momentos a seguir já estava com um enorme sorriso nos lábios e no coração por ver o teu poder de adaptação e vontade de lutar até à exaustão para que tudo dê certo e para que te sintas cada vez mais no teu mundo.
Constrói a tua redoma mas não te afastes daquilo ou daqueles que te podem ajudar a superar aqueles momentos menos bons que todos sabemos e conhecemos.
Tudo o que tu mostras sentir eu também já o senti quando fui, com 16 anos, para os EUA durante 1 ano...é tudo normal, aceita tal e qual como sentes e verás que tudo se torna menos pesado e, com o tempo, tudo vai começar a fluir e tu estarás perfeitamente enquadrada nesse teu novo contexto.
Sabes que estou SEMPRE aqui para ti...
Um grande beijo e um sorriso do coração para ti!!!

Anónimo disse...

Olá meu anjo!!!
Amiga é natural k por agora t sintas sem rumo e sem chão pois voi uma volta de 360º na tua vida. Mas não deixes que o medo que agora sentes te impeça de desfrutar ao maximo desta fantástica experiência que a vida te proporcionou. Custa eu sei, acredita, para mim tb é dificil lidar com a tua ausência. Eu k tava habituada a ter te sempre aki a meu lado. Mas o tempo é bom conselheiro e vais ver que quando menos esperares esse sentimento que agora tens de perda e medo se vai tranformar numa paz imensa e vontade de aproveitar ao maximo a vida. O sentimento k nos une é maior k qualquer distância que posso existir.
Força amiga, quando te sentires mais triste olha para o teu lado, eu estarei lá para ti.
beijinho enorme

Carpe diem........

ADORO-TE miuda!!!!!!

ERICA