segunda-feira, agosto 27, 2007

Máscara(s)


E dizia-me uma amiga há pouco que tenho de dançar ao ritmo da música que me dão... Queria com isto dizer que ser verdadeira não me trás vantagem nenhuma, muito pelo contrário. E eu sei que infelizmente ela tem razão. Na prespectiva da sociedade, verdadade, verdadinha. Por isso é que tantas vezes me sinto tão estranha, tão encolhida em mim. Estas pessoas todas representam um papel, usam uma máscara para ocasiões diferentes e consoante a pessoa a interagir.Há demasiados silêncios sufocados por estas máscaras. Eu faço o mesmo, certo, mas não quer dizer que goste. Mas ainda assim sei que sou transparente, que fingo e minto muito mal e que por causa disso muitas vezes assusto os que me rodeiam.

Isto a propósito de um desabafo no msn com uma amiga que está em Portugal. Perguntava-me ela porque é que não tinha escrito nada ultimamente(além do blog), e eu a dizer-lhe que há alturas em que não me sai nada, o que quer dizer que há alguma coisa que não está bem. Costumo escrever por impulso, muitas vezes de uma forma um bocado descontrolada, tanto que por vezes só depois de escrever e ler o texto com cuidado para corrigir possíveis erros, me apercebo do que realmente quis dizer ou do que estava a sentir. Um pouco como neste momento... E dizia-lhe eu que me sentia um bocado triste e frustrada. Um paradoxo na minha vida. O trabalho corre-me bem, encontrei novos amigos e agora, até já encontrei casa! Mas continuo a sentir que uma parte de mim está adormecida. Não que seja por minha vontade, porque o que eu muito queria era poder ser eu plenamente. Mas neste momento não é possível, e não sei quando será. Descobri que continuo a "assustar" os outros com a minha forma de sentir, que sou demasiado pura em muita coisa e que por causa disso vou sempre magoar-me mais. O meu coração é assim e eu vou atrás, apesar de muitas vezes querer demonstrar o contrário, isso sou só eu a tentar dançar ao ritmo do mundo. Sou eu a fingir que alinho no jogo, só porque sei que não sou a única que sente isto. Um dia destes pode ser que encontre alguém que realmente queira ver essa parte de mim que agora está escondida. Essa parte de mim que anseia por dar, e por se dar. Alguém que não tenha medo de se dar também, que queira arriscar. Alguém que me "veja", que queira partilhar. Alguém que consiga discernir para lá do comum, para lá do que toda a gente diz, sente e pensa. Alguém que não tenha para me dizer que só me vê como amiga. Disso tive a minha vida toda e ainda bem, quer dizer que muita gente me considera amiga. Mas também tenho direito a mais. Mereço mais.

E com esta conversa, acabámos as duas a fazer planos para a minha ida a Portugal, já daqui a um mês. Ainda falta um mês... e eu já com as lágrimas nos olhos, como habitual e ela a dizer-me para eu me preparar porque temos que pôr mais de 3 meses de conversa em dia! E o meu coração ficou apertadinho... Já faltou bem mais.

E só para finalizar, e como já referi de passagem há umas linhas atrás, já tenho casa. Pois é, o moço lá decidiu que eu até tinha bom ar e ligou-me hoje a confirmar que o quarto é meu a partir desta semana. Amanhã ajusto pormenores e fico com a conta bancária mais magrinha, mas já vou ter o meu cantinho. Um alívio portanto. Além disso, para fazer a mudança só preciso de me meter no elevador, andar um pouquinho com a trouxa atrás e estou na minha nova casa. Pois é, vou ser vizinha aqui dos meus anfitriões. Saio do 26 para ir viver no 11. Pelo menos compensou ter estado tanto tempo para decidir o que fazer. Fico perto dos amigos e do trabalho, não posso querer melhor.

E agora, vamos a dormir, ou tentar, que amanha(hoje), tenho de trabalhar.

Hasta!
P.S. E vou tentar que as minhas máscaras sejam a cada dia que passa mais transparentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá minha querida amiga do coração!!! Posso dizer-te que o meu coração palpitou ao ler este teu post...fico angustiada por te sentir "perdida" num mundo que é o teu mas que ainda não o sentes como tal. As máscaras todos nós temos de usar, um dia ou outro, pois assim nos obrigam outros seres humanos com os quais somos "obrigados" a conviver...mas a vida é assim mesmo...são estas pequenas coisas que não são nossas (o facto de não sermos verdadeiros) que também nos ajudam a crescer, a evoluir como seres humanos e a perceber, talvez, que a nossa pureza é o que de melhor nós podemos ter. Acredita, amiga, que por seres pura nos teus sentimentos, nos teus pensamentos ou mesmo nos teus actos, só te vai levar a patamares cada vez mais elevados e sublimes...e tu SABES bem do que eu estou a falar. Aproveita os teus momentos de paz (tens que os arranjar) para meditares...medita por ti, por nós, pelo planeta, pela vida...verás que TU te sentirás melhor...mesmo que tenhas que continuar a usar máscaras perante aqueles seres que teimam em não evoluir ou em não perceber que estamos em tempo de mudança...grande mudança interior e energética. É assim mesmo que tem de ser.
Estou aqui para ti, sempre contigo no coração. Adoro-te muito meu grãozinho de areia...deixa-te levar pelo vento...
Um grande beijo,
Márcia

Maura disse...

Olá amiga,
Antes de mais fico muito feliz por já teres um cantinho só para ti e por estares perto dos teus amigos daí que, pelo que percebo, são uns porreiraços!
Quanto ao resto, percebo o que queres dizer, sabes bem que também eu tenho que usar máscaras para sobreviver a este mundo frenético e a esta gente sedenta de nem sei bem o quê. Mas a propósito de ser preciso dançar ao ritmo da música que nos dão, nunca te esqueças que para além do ritmo imposto o corpo é teu, o coração é teu, o balanço é teu, a alma é tua. E isso ninguém te pode roubar. Só quem se esquece disso é que é grave... Máscaras todos usamos, umas mais opacas que outras, mas a mácara não somos nós, servem somente para irmos resistindo. Agora, se a máscara se apodera de nós, aí o caso é bem perigoso. O que não é, de todo, o nosso caso!
És muito pura e não tenhas medo disso.
Beijocas e até breve! (este até breve soa muito bem, não? lol)