domingo, setembro 16, 2007

Gota




Não há verdades absolutas. A complexidade do que somos, do que todos e cada um idividualmente é, nunca, jamais será uma definição que começa e acaba em si mesma, sem princípio nem fim.


Ocorreu-me isto ontem quando o meu olhar se cruzou com algo que só posso definir como medo, ou solidão, ou aceitação resignada de uma realidade tão oca quanto infinita nas suas possibilidades. É tudo uma questão de perspectiva. E de coração, obviamante. Eu vejo tudo sempre com o coração. Pois... E ia dizendo que o meu olhar, ainda que talvez um pouco turvo - consequências do meu estado já um pouco ébrio - captou um raio de luz, muito ténue, mas a pedir para explodir de vez. É engraçado que ás vezes baixamos a guarda e num segundo deixamos que nos "vejam". E esses momentos são assim uma raridade, uma esperança que me nasce no peito, uma mão pousada no meu ombro, um abraço da vida que me sopra ao ouvido que se calhar, assim num rasgo de alegria espontânea, ainda há uma forma, ainda há um caminho. Ainda vale a pena ser assim...


E ontem, assim numa fracção de segundos, um instante apenas, a máscara caiu e eu "vi". Está lá, pois claro. Mas tão escondido, tão escondido, que acho que ás vezes nem sabes que está aí dentro. Mas eu vi! Que desperdicío... Queria ter-te puxado, queria ter-te gritado, queria... Não posso querer nada porque não tenho esse direito. Cada um vive e sente conforme acha ou pode. Mal é que ninguém é verdadeiramente honesto, nu e cru, ninguém. Eu não sou. Mas tento. Por isso esta lágrima permanentemente à espreita.


Essa luz, esse rasgo de verdade, esse medo, essa aflição pela descoberta. Essa gota de pureza.Está no teu olhar. Pelo menos esteve por um instante. E eu vi...


Espero ver essa gota outras vezes, vinda assim, do inesperado, de uma parte da história que não é contada...

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