segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Preto e branco


Às vezes fica assim, a preto e branco, completamente daltónica e apática, sem o verde dos chãos que pisa, sem o vermelho do sangue que derrama, sem o azul do tecto do mundo que a vê passar a cada dia. Ausência do pulsar dos ponteiros do relógio, anestesiada por coisas que sente não poder mudar. Espreita os outros e sente-se encolher, mirrada na sua insignificância, vergada ao gosto amargo da dor engolida e estrafegada a cada segundo na garganta. O céu que se apaga em agonia dentro de um olhar quase moribundo de esperança. O sol perde a cor, o vento perde a força, a chuva torna-se corpo no corpo já de si encharcado de lágrimas, empregnado de silêncios tristes, de melodias lúgubres. Histórias de risos forçados pela vontade monstra de ser. Telas inacabadas e para sempre abandonadas, pinceladas de um talvez que nunca o foi. E do riso se faz pranto. E do pranto se faz pânico e do pânico... silêncio.

Boa noite.

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