domingo, março 19, 2006

Que de Mim

Em quê de mim, as diferentes coisas que vejo, me tocam? Em quê de ser eu provocam excitações tão frementes? Que coisa de mim se enleia, que permanência me afirma, que sentido faz sentir-ma no espaço que me rodeia? Que linhas de força estranha me prolongam na paisagem, me tornam, à sua imagem, mar ou ceú, vale ou montanha? Que fluídez dissolvente os meus olhos humedece quando o sol desaparece nas angústias do poente? Que de mim também se afoga nesse horizonte distante, mermúrio de agonizante que em tons roxos se interroga? Que de mim chove na chuva, e se abre nos tons da aurora? Que de mim nas flores se inflora e nas tardes se enviúva? Ó estrelas do ceú sem fim! Ó vagas do mar sem fundo! Será tudo mesmo assim? Eu e vós, partes do mundo? Ou o mundo, parte de mim?


António Gedeão



1 comentário:

Always Me... disse...

Nas entrelinhas de um poema encontram-se verdades infinitas.. mais fortes que o universo... mais forte até que o mar... (e eu :D).. conseguimos ouvir músicas de embalar, músicas que nos fazem pensar e sentir que estamos vivos ... para viver, nem k tenhamos que sofrer... é para isso que estamos aqui... rir, chorar, amar... mas sempre... sempre viver..