Eis senão quando... Eis senão quando o meu folgo quase se estinguiu, o mundo parou e o coração tremeu... Acendeu-se o vulcão e eu juro que não o pedi, que apenas e só, o desejei...
Desejei-o tantas vezes, com toda a raiva e com toda a força, sempre com a única certeza que jamais me permitiria ultrapassar o limite, que o toque era a última fronteira, e que uma vez ultrapassada, impossível retornar.
Mas veio o toque, e a química, e o sabor a mar e o cheiro a vento. E veio o gosto que eu lembro de outra vida, e veio o rebuliço, no espaço à volta e no tempo de beijos sôfregos, cheios de infinito.
A carne e o espírito sem rumo por uns momentos, o desnortear dos sentidos, a entrega... A entrega pura que eu desejei de outra forma, sem medo e sem constrangimento, talvez programada e planeada. Veio pura, sim, mas sem aviso e de surpresa, veio-me abalar o equílibrio, esse equilibrio(ou seria a negação??) que tanto me custou a construir.Era mais fácil quando era só uma ilusão, que nascia dentro de mim mas morria na realidade.
E quando me deixei ir, quando finalmente me rendi ao inevitável e ao que me pedia o corpo e a alma, quando me abandonei, fui abandonada. No desejo, no corpo, e na alma... Ficou-me o travo da tua pele, palavras no ouvido. Ficou este desejo doido, esta insatisfação... Ficou o êxtase em suspenso, ficou o vazio dos corpos febris na ânsia da entrega.
Eis senão quando, me encontrei e me perdi, ainda que por breves momentos.
E eis-me aqui agora, perdida e suspensa, em ti...